22/02/2014

Momentos efêmeros de intimidade para coreanos separados pela guerra

Encontro reúne famílias separadas pela Guerra das Coreias pela primeira vez desde 201020 fotos20 / 20
22.fev.2014 - Famílias norte e sul-coreanas separadas pela guerra entre os dois países desde os anos 50 se despedem após três dias de um reencontro histórico no resort Monte Kumgang, na Coreia do Norte, neste sábado (22). O grupo de 100 sul-coreanos cruzou a fronteira na quinta (20) de manhã, depois de uma rodada de negociações entre os dois países que terminou em acordo para que os encontros pudessem acontecer Lee Ji-eun/Yonhap/Reuters

Centenas de idosos coreanos compartilharam nesta sexta-feira, durante algumas horas no monte Kumgang, Coreia do Norte, os primeiros momentos de intimidade em mais de 60 anos, em um encontro de famílias separadas pela guerra salpicado com discursos de doutrinação política.

Depois de reencontros comoventes e em alguns casos traumáticos na quinta-feira diante das câmeras de televisão, os envolvidos foram autorizados a passar três horas na mais completa privacidade.

Apesar da emoção e do pouco tempo, já que as famílias devem voltar a separar-se no sábado (22), os idosos tentaram recuperar seis décadas de ausência, saudade e angústia em poucas horas.

Febris, com a saúde delicada e enfermos, os idosos tocavam os rostos dos parentes e passavam rapidamente dos sorrisos às lágrimas.
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Um idoso sul-coreano de 93 anos viu na quinta-feira pela primeira vez o rosto do filho, de 64, depois que a Guerra da Coreia (1950-1953) o separou da esposa grávida.

"Deixe que eu te abrace", disse o pai entre lágrimas.

Depois dos encontros privados, alguns participantes sul-coreanos se queixaram que os parentes do Norte sentiam a obrigação de dar lições políticas baseadas na propaganda do regime.

"Era um pouco irritante por causa dos comentários políticos incessantes", disse Choi Dong-Myung após o encontro com a irmã e o irmão.

Alguns idosos do sul também contaram que os parentes norte-coreanos afirmaram que a reunificação seria possível apenas após a saída dos soldados americanos do território sul-coreano.

Esta é a primeira reunião de famílias coreanas separadas pela guerra (1950-1953) desde 2010. O encontro foi possível após duras negociações entre as autoridades de Seul e Pyongyang.

A Coreia do Norte concordou com o encontro depois de ter exigido, sem sucesso, a anulação dos exercícios militares conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos previstos para começar na próxima segunda-feira.

Os participantes, selecionados por sorteio, levaram aos parentes do Norte presentes, remédios, fotos da família.

Os anciãos também comentaram as fotos de família, feitas antes da divisão da península e depois. Muitos encontraram pela primeira vez os familiares do outro lado da fronteira.

A norte-coreana Lee Jung-Sil compareceu ao encontro com a esperança de ver a irmã mais velha, Lee Young-Sil, de 87 anos. Mas a sul-coreana, que sofre do mal de Alzheimer, não a reconheceu.

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