27/04/2013

Detentos de Afogados da Ingazeira participam de sessão de cinema

O Poeta Mário Quintana costumava dizer que “uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.” Se isso é importante para nós, que gozamos a liberdade, imagine para quem passa 24 horas dentro de uma cela.

Longe de querer discutir a culpabilidade de alguém, mas procurando levar cultura e ajudar na ressocialização dos 28 presos da cadeia pública de Afogados da Ingazeira, que aguardam julgamento, a Secretaria Municipal de Cultura e Esportes programou um dia inteiro de atividades culturais no local. As ações tiveram encerramento ontem à noite, com a exibição do filme “Narradores de Javé”. Com nomes como José Dumont e Nélson Xavier no elenco, o filme retrata a sina de uma pequena vila sertaneja prestes a ser inundada pelas águas de uma barragem construída pelo Governo.


Durante a exibição do filme, foram distribuídas pipoca e refrigerante para os detentos. Após a sessão, eles puderam debater o filme com os integrantes da Secretaria de Cultura. A ação faz parte do projeto “Cineclube dos bairros”, que já foi exibido no bairro do São Francisco, e cuja próxima edição será no bairro Padre Pedro Pereira. Antes da exibição, o balé popular de Afogados da Ingazeira apresentou a coreografia “Viva Gonzagão”, animada pela música do Velho Lua.
“Quero parabenizar a iniciativa. É muito bom poder compartilhar um pouco da nossa cultura com quem está temporariamente privado da liberdade, se distanciando dos eventos que acontecem nas praças, nos clubes,” afirmou Diomedes Mariano, que ao ver o artesanato produzido pelos presos, não resistiu e versou: “Parabéns a cada artista/ Que conosco se assemelha/ Faz pista de vaquejada/ Vaqueiro e sua parelha/ Quem faz uma igreja dessas/ Faz até mel de abelha.” Diomedes Mariano finalizou sua participação no evento recitando, de Dedé Monteiro, o poema “O mal se paga com o bem”.


“Uma atividade como essa, o dia todo, com atividades culturais, provoca o debate, a reflexão, permitindo que eles (os presos) além de verem, participarem, mantendo um ambiente tranquilo e de cordialidade entre todos,” declarou Alexandre Morais, supervisor da cadeia, que também recitou alguns versos durante as apresentações.

Por Luiz Carlos Fernandes

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