Pela primeira vez em dez anos, dados do Governo Federal mostram que o número de miseráveis cresceu, no Brasil.
Os números estão no banco de dados do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, vinculado à presidência da República, e mostram que a quantidade de pessoas em situação de extrema pobreza aumentou pela primeira vez no Brasil, desde 2003, interrompendo uma trajetória de redução contínua da miséria.
O número de miseráveis passou de 10,081 milhões, em 2012, para 10,452 milhões, em 2013. Um aumento de 3,7%. São 371 mil pessoas a mais vivendo como indigentes. Ou seja, não conseguem comprar comida em quantidade suficiente para se alimentar conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde e da Organização das Nações Unidas para a alimentação e agriucultura.
Já o número de pessoas pobres diminuiu 5,4%. Caiu de 30,3 milhões, em 2012, para 28,6 milhões, em 2013. São 1,6 milhão de pobres a menos. São considerados pobres os que têm o dobro da renda da linha de miséria.
Os números foram calculados a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad do IBGE, e incluídos no banco de dados do Ipea no dia 30 de outubro, logo após a eleição presidencial. Antes do segundo turno, o Ipea tinha decidido suspender a divulgação de estudos alegando que eles poderiam influenciar o processo eleitoral.
A decisão provocou o afastamento do pesquisador Herton Araújo da diretoria de Estudos e Políticas Sociais, do Ipea. Ele queria analisar as estatísticas, mas foi voto vencido na diretoria do Instituto e pediu exoneração.
Nesta quarta-feira (5), o Ipea disse que os dados são divulgados à medida em que são processados pelos técnicos. Em nota, afirmou que, no ano passado, foram divulgados em novembro. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos afirmou que o estudo do Ipea não é oficial.
“É um levantamento feito pelo Ipea, como existem várias linhas, não é uma linha oficial, tá certo, entre várias linhas e o que eu vou dizer, o que eu digo é o seguinte: os dados das duas últimas Pnads eles são dados muito bons, eles mostram um avanço fantástico, um crescimento da renda per capita de 5,5%”, diz Marcelo Neri, ministro da Secretária de Assuntos Estratégicos.
Para o estudioso da pobreza no Brasil Manuel Thedim, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, o aumento do número de miseráveis é bastante acentuado e se deve, em parte, ao aumento da inflação. “Quem não tem dinheiro sequer para comprar a quantidade adequada de alimento, eles vão se alimentar pior. Então, é muito mais grave a inflação para os mais pobres”, disse Manuel Thedim.
O Ministério do Desenvolvimento Social afirmou que a pobreza extrema não aumentou. E que os dados revelam "flutuações estatísticas dentro da margem de erro".
(G1)
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